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No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (João 1,1)

Sidney Frattini
sidney.frattini@gmail.com

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Trajetória para a Fé

Publicado na revista LifeUp, da Nova Igreja, julho 2014.

Por Sidney Frattini

No princípio, colocou Deus em mim a inquietude.

Com esta frase, começo um livro que estou escrevendo há algum tempo e que conta minha trajetória para a fé. O título é Muito Além dos Recursos Humanos. Explico.

Tenho vivido a maior parte dos meus anos no ambiente acadêmico como professor, executivo e consultor na área de gestão de pessoas. E você sabe, esse meio profissional não é muito ligado a questões de fé. O pessoal é meio autossuficiente, sabe? Alguns acham que, se tiver Deus na parada, ok, mas se não tiver, dão seu jeito...

Na verdade, esse ambiente racional em que construí minha vida profissional foi apenas um reforço para alguns problemas de crença que começaram lá atrás, nos meus verdes anos. Como eu lia muito, todo tipo de coisa, comecei achar que a ciência podia explicar tudo. E me sentia angustiado, porque eu sabia que eu tinha algo a ver com Cristo, eu queria amar a Deus sobre todas as coisas, inclusive mais do que a meus próprios pais, e não conseguia. Vim a entender, muitos anos depois, em algumas pregações do Pastor Fragale, que o importante era o quanto Deus me amava, independentemente de minhas imperfeições.

Nos tempos da infância, a “tradição” evangélica também não me ajudou muito. Alguns “crentes”, com quem convivi, vinham à minha casa e traziam um livro de capa preta, dizendo que o mundo acabaria em breve, que Deus destruiria tudo com fogo e aqueles pensamentos que eu tinha me conduziriam às profundezas do inferno. Pelo amor de Deus! Se isso eram as boas novas que o evangelho trazia, eu estava fora! Por essas e por outras, afastei-me da religião e da igreja por bastante tempo.

Continuei, porém, buscando Deus. Orava, mas... Ele parecia muito distante, sobretudo do intelectual crescido, com tanta formação acadêmica. Desde a adolescência, eu procurava evidências científicas da existência de um Deus Vivo, como se o próprio universo não revelasse isso. E como se a fé pudesse vir, não pelo ouvir, mas pela revelação de algum cientista com grande credibilidade no meio em que eu vivia.

Em algum momento, comecei a ler a Bíblia e ficava encantado com sua beleza literária. Por enquanto, a Palavra de Deus era uma grande obra de arte e não passava disso. Mas, então, Deus começou a falar comigo, não como um terremoto, ou como um fogo, mas como uma brisa suave... E ficou claro para mim que era ali que Deus estava, na pessoa de Jesus.

Um dia, para encurtar esse pequeno depoimento, me vi na Nova Igreja da Barra. E não sei como nem por que, me matriculei na Escola Atos. E os meus ouvidos começaram verdadeiramente a se abrir.

Junto a isso, descobri outras pessoas que também conviveram com a descrença. No campo da ciência, por exemplo, conheci Francis Collins, cientista americano, diretor do Projeto Genoma Humano, uma das maiores autoridades mundiais na linguagem do DNA, que era um ateu convicto até os 27 anos de idade. Mudou sua visão de mundo, tornando-se cristão na idade madura, além das obras científicas, escreveu um livro impressionante, A Linguagem de Deus, em que apresenta evidências da existência do Criador. Na Introdução do livro, ele coloca:

Eis aqui a pergunta central deste livro: nesta era moderna da cosmologia, evolução e genoma humano, será que ainda existe a possibilidade de uma harmonia satisfatória entre as visões de mundo científica e espiritual? Eu respondo com um sonoro sim! Em minha opinião, não háconflitos entre ser um cientista que age com severidade e uma pessoa que crê num Deus que tem interesse pessoal em cada um de nós.

Descobri essa publicação muitos anos depois de minha formação. Já havia me convertido e não posso deixar de confessar que me surpreendi com a visão daquele cientista. Mas o verdadeiro sentido me chegava agora, não pelo intelecto de grandes pesquisadores, mas pela Palavra Revelada de Deus, a quem eu me rendi e entreguei meu espírito para ser renovado, por que, meus amigos, de fato, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo (Romanos 10:17).

Friederich Nietzche, filósofo alemão, e protótipo do ateu convicto, escreveu certa vez uma Oração ao Deus Desconhecido, que diz:

Antes de prosseguir o meu caminho
E lançar o meu olhar para frente uma vez mais,
Elevo, só, minhas mãos a Ti
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração,
Tenho dedicado altares festivos
Para que, em cada momento, Tua Voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas
Em fogo estas palavras:
“Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente
Tenha me associado aos sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante
Os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-Lo.
Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e,
Qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o Incompreensível, mas meu semelhante,
Quero Te conhecer,
Quero só a Ti servir.

A resposta a essa oração havia sido escrita tempo antes, por Lucas, em Atos 17:19-23, descrevendo palavras de Paulo:

Então, tomando-o consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? Posto que nos trazes aos ouvidos coisas estranhas, queremos saber o que vem a ser isso. Pois todos os de Atenas e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas novidades. Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio.

Ele falava de Jesus. E minha intenção, com este breve relato, é encorajar você, se por acaso ainda convive com a dúvida, a afastar pensamentos que podem se transformar em sofismas, e estas em fortalezas mentais. Nâo temas, crê, somente. (Lucas 8:50). Essa é uma vida para cima. Life Up!